Entrevista Staged Magazine / três cabeças monstros
Por Luis Arista / Enviado Especial para Los Angeles
Com o luxo de ter três membros do Green Day na minha frente, um sonho possível, metralhamos questões para a banda punk mais bem sucedido de todos os tempos. Seu novo álbum, o seu futuro, a América Latina, estavam entre as perguntas que responderam entre seriedade e seu papel contínuo de brincalhões
Recentemente disse que estão no seu período mais prolífico e criativo. Você considera a idade e a experiência como influência?
Billie Joe Armstrong – Eu não tenho certeza. Não temos regras. Acho que estamos caindo em uma coisa chamada “criatividade”. Escrevemos canções divertidas, e outras sérias. Nos encontramos em uma sala e as músicas iam e vinham. Não há razão em tudo. Nós não temos ideia. Não há um significado conjunto, não existe um conceito por trás do nosso trabalho. O objetivo da escrita é para estar em uma banda.
O lançamento de três discos foi planejado ou simplesmente aconteceu?
Mike Dirnt – Apenas nós trancados em um quarto e não saímos até ter tantas músicas, cinco dias por semana durante um ano. Escrever e escrever e foi divertido.
Tré Cool – Algo que, por vezes, incha e torna-se tão grande que opera em três coisas. Em Um! Dois! e Tré!
BJ – Trigêmeos.
MD – Um monstro de três cabeças.
Portanto, não há conceito por trás desta trilogia?
BJ – Se houver um, é inteiramente acidental. Eu diria que o primeiro álbum ( Uno! ) retorna um pouco as nossas raízes, não apenas o Green Day, mas um pouco de power pop, rock punk, como Ramones e Buzzcocks, coisas assim, que nós crescemos amando. O segundo álbum ( Dos!) vai para o lado do Nuggets , como um grande fuck party de garagem (o gênero). E o terceiro é um pouco mais reflexivo, para a introspecção. Dadas essas três fases da vida, [a trilogia é] a este respeito uma questão de tempo e ver o que ele representa.
Você acha que sem American Idiot e 21st Century Breakdown teriam sido capaz de criar essa trilogia?
MT – Tudo que você faz é outro trampolim para essa coisa que fazemos. Provavelmente não. Eu não sei. Talvez.
BJ – Nós não temos a mínima ideia.
MT – Não faço ideia, simplesmente continuamos compondo.
TC – Eu definitivamente sei de uma coisa: nunca teria nascido se meu pai não tivesse feito sexo com a vagina da minha mãe.
BJ – Eu não tenho ideia, mas essa é a melhor parte. Eu amo os dois últimos álbuns. Apenas tentei escrever boas canções. A única razão pela qual iniciamos uma banda era para tocar nossas músicas pelo resto de nossas vidas, porque nós amamos estar em uma banda. E às vezes é triste ver como as outras bandas fazem, porque parece não gostarem de trabalhar juntas, para o que fazemos é fundamental a amizade e o amor à tocar música pelo resto da vida.
Noel Gallagher disse recentemente que já não escreve sobre ficar rico e ser um rockstar, mas temas básicos como amor e relacionamentos. Você concorda com ele?
BJ – Eu não acho que o amor é fundamental para todos. Acho que a questão é escrever coisas que têm algum valor pessoal ou emocional que as pessoas poderem se conectar. É o mesmo com as músicas com conteúdo político. Se pensar em uma música como ’99 Revolutions’, é algo que eu acho, meu ponto de vista. Escrever uma canção de amor é o mesmo, é escrever sobre algo que você acredita ou acha que pode acreditar.
MD – Eu não acho que chega o dia em que dizemos “eu não quero escrever músicas com esse tema.” As músicas vêm e às vezes você acha que não vai escrever, mas você faz.
BJ – (sendo sarcástico) – Como nossa canção ‘Fuck Time’ definitivamente foi uma declaração política. Ou ‘Make out Party’.
Como você decidiu a ordem das músicas nos discos?
BJ – Nós tivemos diferentes estilos de composição. Haviam alguns que eram de potência sonora pop e teve o vintage Green Day, haviam coisas que eram mais rock de garagem como os Sonics , então essas coisas mais reflexivas soariam como Dylan ou Neil Young. Então eu acho que todas essas músicas começaram a se formar e depois de um tempo percebemos o que estava acontecendo para representar cada disco
MD – Cada disco tem sua própria personalidade.
Mencionaram que foi muito bom o clima de gravação desses discos. Alguma lembrança especial que queiram compartilhar com nossos leitores?
BJ – Acho que foi toda a viagem. Nós escrevemos um monte de músicas em Nova York, outra pilha na praia na Califórnia, escrevemos outras coisas, em Austin, Texas, gravamos demos quando estávamos em turnê na Europa.
No meio de tudo foi feito um documentário mostrando o que fazemos em nossas vidas como o surf, construir uma rampa de skate, tivemos uma estação de rádio pirata e a polícia nos pegou … fazendo shows em lugares pequenos onde tocamos um monte de material novo onde impactamos nosso público. Eu acho que nós os tratamos como se fôssemos uma nova banda, não foi necessariamente um tempo de diversão, foi bastante chocante. Acho que depois do primeiro show eu queria vomitar, como quando você toca seu primeiro show. E voltávamos para assistir e queriamos saber se tínhamos tocado bem. Parecia que estávamos em um sonho.
Você mencionou que você escreveu canções no meio da turnê. Você está sempre escrevendo?
BJ – Sim, eu nunca paro de escrever canções, seja uma ideia lírica ou um riff de guitarra, é algo contínuo e os documento sempre que possível.
Rob Cavallo (produtor da trilogia) disse que queria voltar ao som de Dookie. Você acha que você atingiu o ponto em que completou o círculo em sua carreira?
BJ – Eu não acho que tenha concluído um círculo, tem sido como um oito. Para dizer que voltamos ao som de Dookie é generalizar demais. É Uno! Dos! Tré! Tivemos muito material e tudo fez muito sentido junto. Acredito que quando escrevemos canções é quando voltamos um pouco, para não pensar demais nas coisas. Nós escrevemos músicas no impulso. Era como gravar a partir do quadril.
Eu também tratei a minha voz mais como um instrumento e não como uma corneta. Há canções com tensão sexual, algumas com entusiasmo, outros com conteúdo político. No final é uma coisa toda, e que é difícil resumir ou definir exatamente o que é, porque eu acho que é a primeira vez que algo assim é feito nessa escala.
Qual foi o papel de Rob? Foi um produtor ou tornou-se uma espécie de quarto integrante da banda?
BJ – Rob foi ótimo com a gente. Tivemos de fazer amizade com ele de novo, porque ele se tornou um idiota por alguns anos. Ele conversou com a gente, porque tudo começa com nós três, fizemos as pazes e nos demos conta o quão perto estamos nós quatro. Ele estava de volta à forma como temos trabalhado com ele no passado: ele é capaz de ouvir e captar o som e refletir as ideias que temos, ser um grande líder e nos guiar.
Estamos muito interessados no nosso som e ele foi muito decisivo neste sentido. Não quero soar como American Idiot e 21st Century Breakdown , queríamos soar mais às nossas raízes, ter os instrumentos certos e amplificadores e ele estava preocupado em encontrar esse som com a gente.
Será que vão sair em turnê com essa trilogia?
Todos – Sim
TC – Nós temos três álbuns, então vamos definitivamente sair em turnê.
Sabem se vão para a América Latina?
TC – Nós estamos esperando para decidir o que fazer. Como afirmado anteriormente, não estamos fazendo isso através de um regulamento.
MD – Acho que desta vez vamos ver onde a música nos levará. É impressionante planejar três anos de turnê e vê-lo dessa maneira. Queremos que as pessoas tenham a música em suas mãos, por isso vamos ver como ela evolui e como nós carregamos.
TC – Faremos da mesma forma que tudo isso começou: Billie escreveu algumas músicas, reunimo-nos todos os dias só para ensaiar, ensaiar, como uma nova banda. Com estes três álbuns eu acho que nós vamos fazer o mesmo: vamos subir no palco e seguir a música.
Billie twittou o seguinte: “Hoje demos o nosso melhor show e foi na Argentina. A melhor parte? Todas as músicas”. Será que poderiam compartilhar lembranças de suas turnês na América Latina?
BJ – Não estivemos lá há mais de 10 anos e era o fim da turnê de 21st Century Breakdown . Foi incrível, todos os shows são tão selvagens. As pessoas enlouqueciam e amamos isso. Eles cantam com a gente, cantando os solos de guitarra, linhas de baixo, bateria, tudo. Então, todo o passeio foi incrível.
Eu acho que escrever este tweet significava “Ok, qual país será o mais alto?”. Claro, se você está no Chile diz “Foda-se a Argentina, nós somos mais altos.” Era para fazer um pouco de competição saudável. Foi uma afirmação engraçada.
MD – Também gostava de poder sair e passar tempo com os fãs. A primeira vez que estivemos lá tudo aconteceu muito rápido. Senti a última vez que ficamos mais tempos. Eram 4 da manhã e eu disse “eu não consigo dormir, eu vou para fora para cumprimentar os fãs que estão lá na frente” e fiquei com eles uns 30 ou 40 minutos.
BJ – Vestindo uma sunga.
MD – Nu com uma ereção.