Explosão Punk do Século 21
Uma hora antes do show do Piladelphia Spectrum, Billie Joe Armstrong está contando uma piada: “O que você faz para um cachorro parar de ficar cruzando com a sua perna?” O frontman do Green Day – reunido com os membros da sua banda nos bastidores – faz uma pausa para que haja efeito máximo. “Você pega ele e chupa o pau dele.” Todo mundo morre de rir.
Os três membros do Green Day já estão com 30 e tantos anos, mas seus quartos nos bastidores, cheios de itens especificados pela banda, são o sonho de qualquer adolescente. Pôsteres do Rolling Stones, David Bowie e Iggy Pop pendurados nas paredes, um vinil do Jerry Lee Lewis rodando no toca vinil, ao lado de várias pilhas de vinis, incluindo Queen, Elvis, Minor Threat e the Wailers. Geladeiras cheias de Stella Artois, a cerveja escolhida pela banda; um PlayStation e vários jogos como Rock Band e Tiger Woods PGA Tour; e um bar cheio. A bebida escolhida pelo trio? “Tequila,” diz o baterista Tré Cool. “Eu fico mais divertido quando tomo tequila.”
Por três semanas, o Green Day tem esgotado arenas pelo novo 21st Century Breakdown, uma rock opera altamente politizada, montada em volta de um casal adolescente perdidos na era Bush dos EUA. “É realmente assustador, porque você não sabe como o novo material será aceito pela platéia,” diz Armstrong, “mas você sabe que deve estar compromissado com ele.”
No palco, o trio – que agora inclui mais um guitarrista, pianista e saxofonista – apresenta um show super energizado, cheio de pirotecnia, de duas horas de duração que consegue combinar o estilo pop punk de três acordes de seus primeiros álbuns com o estilo Queen de arenas de rock dos dois mais recentes. “É uma maratona toda noite,” diz Armstrong. “Eu sei que todos dizem dar 100% de si em seus shows, mas eu acho que nós vamos além dos 100% que muitas bandas dedicam a seus shows.”
Desde os primeiros shows da banda, a participação da platéia tem sido uma característica recorrente. Uma jovem mulher chamada Jackie foi puxada para o palco para cantar “Holiday”, e uma sucessão de fãs sobem ao palco para cantarem versos do sucesso “Longview” – incluindo um cara vestindo uma camiseta do Ramones que da um beijo na boca do Armstrong. Antes de “Jesus of Suburbia”, o frontman procura na platéia alguém que saiba tocar guitarra. “Você jura que você sabe tocar? Em que tom é a música?” ele pergunta a um adolescente vestido com um short largo. “C sustenido!” grita o fã, e logo ele está no palco, tocando a faixa do álbum American Idiot.
“Foi sempre como objetivo acabar com as barreiras entre o palco e a platéia e tentar fazer com que fosse algo intimo novamente,” diz o baixista Mike Dirnt, que parece pular mais alto quando a banda toca antigos sucessos como “Welcome to Paradise” e “Basketcase”. “Eu fico animado,” diz ele. “Algumas das músicas antigas, quando você está tocando apenas três acordes, você pode se extravasar.”
Durante a parte retrô do set list, Armstrong ataca a platéia com uma Super Arma d’àgua, uma engenhoca que atira papel higiênico, e uma catapulta de camisetas. “Eu viajo ao ver a galera pirando toda noite,” Armstrong diz nos bastidores.
Em “King for a Day”, o cantor veste plumas em volta do pescoço e um chapéu de policial, rebola e mostra a bunda pra platéia. Os shows exigem muito fisicamente – Armstrong pula continuamente, às vezes se machuca até deitar-se no chão para cantar. “Eu simplesmente não quero decepcionar ninguém,” diz Armstrong, se referindo aos shows da banda e aos seus álbuns ambiciosos. “Estou com machucados em partes do meu corpo que eu nem sabia que tinha como machucar. Existe um medo de ser complacente. Eu fiz um juramento para eu mesmo e para a banda de que continuaremos seguindo adiante.”
Tradução: Marie Bastos